Até a última instância

— Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. (v. 34)

Faz uma semana que dei início à redação destas reflexões sobre o tema “celebrando o perdão”. Faltava ainda redigir a de hoje. Justamente neste meio tempo eclodiu a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A cada instante ouvimos as notícias e suas repercussões nas relações diplomáticas e para a economia global. Ouvimos sobre números de mortos, cidades bombardeadas e dificuldades humanitárias. Aos milhares, pessoas fogem em busca de asilo em outros países. A escalada das falas e ações odiosas vai revelando aquilo que o ser humano tem de pior dentro de si. O que leva um ser humano a se dar o direito de destruir o seu semelhante, se estamos todos na categoria de tão somente humanos?

Não foi o mesmo coração humano maldoso que também protagonizou o cenário horrível dos sofrimentos de Cristo na cruz?

Lembro-me aqui das palavras de Jesus: Porque do coração procedem maus pensamentos, homicídios, imoralidade sexual, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias (Mt 15.19). Aqui não se trata apenas de uma mera opinião sobre o ser humano, porém, de um diagnóstico preciso daquele que é conhecedor do gênero humano.

Se precisamos da luz de Deus para esse diagnóstico a respeito de nós mesmos, tanto mais se faz necessário o perdão de Deus para clarear e organizar essa bagunça, e assim experimentar cura. Pois toda a criação geme a uma só voz pela redenção dessa difícil condição humana. Contudo, mesmo diante dessa profunda e complicada realidade, o amor de Deus ainda vem a nós através de Cristo. Amor exemplificado em sua emblemática oração: — Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

Eterno Deus, também nós precisamos acolher essa oração. Sabemos que apenas o perdão faz todo o ódio desaparecer. Dá-nos o teu perdão e transforma-nos em agentes da tua paz.

Devocional disponível no Orando em Família 2023.
Escrito por William Bretzke.