A culpa precisa ficar no lugar certo

É ele quem redime Israel de todas as suas iniquidades. (v. 8)

O autor do Salmo buscava o perdão de maneira intensa e profunda. Esperava pelo perdão com todo o seu ser, assim como o guarda noturno cansado anseia pela manhã.

Quando eu tinha quatorze anos e meu irmão, cinco anos a menos, gostávamos de chutar bola em qualquer espaço à nossa disposição. Certa vez fizemos isso no corredor da casa. Um ficava no gol imaginário e o outro chutava. A porta da sala, cuja parte superior era de vidro, era o gol. Após algumas trocas de chutes cada vez mais fortes, meu irmão não conseguiu agarrar a bola. Pronto, o vidro quebrou... Naquela noite, nosso pai chegaria somente por volta de 22h. Eu já estava deitado, mas não conseguia pegar no sono. A culpa e o medo me atormentavam. O tempo de espera foi terrível. Eu suava. Sabia que isso poderia ter consequências mais sérias. Finalmente ouvi meu pai estacionar a Kombi. Fui até a cozinha onde ele ainda fazia um lanche, e, todo apavorado, lhe contei o meu delito. Primeiro, ele me disse que não era lugar de jogar bola, o que era óbvio. Depois, apenas disse que eu teria que ajudar a pagar o vidro com o dinheiro da minha mesada. Ufa! Fiquei muito aliviado. Voltei quase que flutuando para a cama, e logo peguei no sono. A mesada a esta altura era o de menos.

O desejo de colocar nossas faltas em ordem sempre deveria permanecer em nós como algo real. Pois, ao fazê-lo, revelamos que ainda temos critérios para aquilo que é certo e errado. Não podemos nos habituar em varrer a sujeira para debaixo do tapete e fazer de conta que não é conosco. Lutero disse certa vez que ou o pecado fica pendurado no nosso pescoço ou nós o penduramos na cruz.

Obrigado, Jesus, porque tomaste sobre ti todas as nossas enfermidades e as nossas culpas. Já não precisamos mais carregá-las, atadas em nosso pescoço. Toma-as de nós! Amém.