Onde está o rei?

Esse relato famoso do nascimento de Jesus aparece unicamente no livro de Mateus. Os magos — homens sábios e ilusionistas de terras orientais — foram a Jerusalém quando Jesus ainda era bebê em Belém. Apresentaram-se perante o governante da Judeia, o rei Herodes, e disseram: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido?...”.

Ora, quando você entra em um palácio e pergunta, “Onde está o rei?”, deixa alarmada a pessoa que estiver ocupando o trono. Por causa disso, o brutal rei massacrou todas as crianças com menos de dois anos de idade em Belém, apenas para se certificar de que eliminara o pretenso futuro governante.

Se você quer ser rei e aparece alguém se dizendo rei, um dos dois terá de desistir da ideia. Só um pode ocupar um trono absoluto. Como vimos, Jesus veio até nós afirmando ser Deus, o Rei. Em cada coração, portanto, existe um “pequeno rei Herodes” querendo governar e sendo ameaçado por tudo que possa comprometer sua onipotência e soberania. Cada um de nós quer ser o capitão da própria alma, o mestre do próprio destino.

Existe uma inimizade natural do coração humano contra todas as afirmações de soberania que se elevem acima dele. Ela aumenta um pouco quando pequenas reivindicações nos afetam. Acontece que as reivindicações de autoridade de Jesus são definitivas e infinitas. Não há coração que, desassistido, seja capaz de se submeter alegremente a elas. Contudo, se o Filho de Deus nasceu mesmo em uma manjedoura, perdemos o direito de permanecer no comando da nossa vida.