Quem És Tu, Cristão?Exemplo

A verdade magoa e a fé pode tornar-se dolorosa para quem nos rodeia. Se a fé faz de nós pessoas "incómodas", talvez seja bom lembrar que "fiéis são as feridas feitas pelo que ama". O profeta Daniel mostra-nos como não sermos chatos em vão, e a sê-lo quando tem de ser.

Palavras fora de tempo: Quando ninguém conseguiu adivinhar o sonho que lhe roubara o sono (sonho da estátua), Nabucodonosor mandou matar todos os sábios da Babilónia. Quando a morte surgiu por decreto real, Daniel ousou não ficar calado: "Não mates os sábios de Babilónia; introduze-me na presença do rei, e darei ao rei a interpretação". O Evangelho insta-nos a falar quando ninguém quer ouvir e quando parece tarde demais para o fazer. Mas é precisamente nesse fundo de poço que a voz de Deus ressoa com mais assombro! E nós? Falamos quando há ouvidos abertos, ou usamos a Palavra para abrir ouvidos fechados?

Palavras fora do normal: Anos mais tarde, Daniel voltou a ser chamado para resolver um enigma escrito pelo próprio Deus na parede do palácio de Belsazar. O recado era curto e pétreo: o fim chegara, o rei chumbara e o reino passaria a outros. Perante um texto difícil, Daniel não usou eufemismos. Deixou o recado ao estilo de "mic drop", sem concessões ou medo de colocar "skin in the game". Quando a "verdade em amor" perde a espinha, dilui-se em "mentira sentimental". E nós? Pregamos ao coro com palavras moles ou cantamos do telhado a verdade do Evangelho?

Senhor, somos cobardes no tempo e no modo como usamos as palavras. Calamo-nos quando já nada há a fazer e falamos apenas o que é fácil de ouvir. Obrigado porque Jesus não fez isso connosco! Usou a Palavra quando estávamos mortos e não nos poupa à verdade que fere, para por ela nos sarar. Ajuda-nos a usar palavras fora de tempo para mostrar a palavra dentro do Tempo (Jesus homem), e palavras fora do normal para proclamar a Palavra divina (Jesus Deus).